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Professor usa skate para ganhar respeito dos alunos e relaxar


“É meu equilíbrio emocional”
Em um mundo tecnológico fica cada vez mais difícil para um professor prender a atenção de seus alunos. A dispersão é certa quando o tema na sala recai sobre assuntos difíceis como equações ou fórmulas complexas. O professor de química e matemática, Gabriel Prieto, 30 anos, encontrou um caminho diferente para ganhar o respeito e prender a atenção de seus alunos. Ele usa sua experiência no skate downhill para se aproximar dos adolescentes.
“É preciso quebrar o bloqueio, para isso procuro me enturmar e conto um pouco sobre o esporte que pratico”, diz ele, que escolheu a modalidade speed dentro do skate downhill e chega a atingir até 112 km/h descendo as ladeiras.
A desenvoltura com que leva o esporte para a sala de aula não é igual à que tem para tratar do tema dentro de casa. Criado em uma família com educação rígica, sua mãe, uma religiosa fervorosa de 74 anos, é contrária à prática do esporte radical, principalmente por conta dos riscos a que se expõe o baiano.
Gabriel já teve dois acidentes sérios. No primeiro, em 2005, levou 135 pontos no rosto, enquanto no último, em 2008, foi atropelado por um carro descendo de skate a Ladeira da Barra. “Bati de frente com um carro quando descia a 70 km/h”, lembra ele, que no choque sofreu um encurtamento do braço direito e, por isso, ficou mais de um mês e meio sem conseguir dobrá-lo.
Mas o pior de tudo foi passar uma semana internado no Hospital Geral do Estado (HGE) tendo que mentir para sua mãe que estava estudando na casa da namorada, já que ela nem cogitava a possibilidade de ver o filho novamente andando de skate. “Minha mãe só ficou sabendo que eu estava de skate seis meses depois”, disse. 

Um mês e meio depois do acidente ele já havia aprendido a escrever com a mão esquerda para continuar a dar aulas.  No entanto, precisou pendurar o skate por seis meses. Ter o parceiro ao lado e não poder usá-lo o fez entrar em depressão.  “O esporte é minha ferramenta de equilíbrio emocional”, afirma. 
E foi justamente a vontade extrema de voltar a ficar em cima do skate que o ajudou na reabilitação. Os alunos o incentivavam escrevendo mensagens no braço imobilizado. 

Gabriel era o primeiro a entrar na sala de fisioterapia todas as manhãs. Seguia rigorosamente as orientações médicas e dedicava boa parte de seu rendimento para comprar os medicamentos receitados. Com o empenho, conseguiu voltar 100% um ano depois. 

Combustível - Gabriel faz especialização em orgânica e ainda cursa matemática pela manhã na Ufba. De tarde dá aulas de química e matemática e, à noite, quando chega em casa, ainda sente-se disposto a ‘adrenalizar’ em cima do skate. “É minha válvula de escape depois de tantas derivações de equações que faço durante o dia”, conta.